Em homenagem a semana da Consciência Negra, escolhi o quitute sagrado, típico da culinária baiana, o àkarà - bola de fogo, para finalizar com o je - comer, para trazer em palavras as labaredas que saíram da minha boca quando provei o Acarajé da Mara, enquanto passeava pela feirinha do Recife Antigo. Diante disso, peço que saudem não somente esta semana tão importante na história afro-brasileira, mas também saudem ao grande rei de Oyó, o grande rei do fogo.

A Dilmara Santos cozinha todo domingo 15Kg de
massa - feijão-fradinho, cebola, alho e sal. Sabe o que isso quer dizer?

... que aos domingos ela vende um total de 400 acarajés e que, para deixar a massa macia, deve-se bater até ficar com aparência espumosa.

Servido de forma nada profana, porque é preparado na rua e leva-se em consideração: o traje, as pulseiras, o preparo no azeite de dendê e do bolinho.

Este bolinho feito de massa de
feijão-fradinho, cebola e sal, frito em azeite-de-dendê é o principal atrativo nos tabuleiros das baianas.

Enquanto esperava em pé ao redor do tabuleiro da Mira, registrei todo o passo-a-passo de como se serve o acarajé.

Além disso, aprendi que quando a baiana lhe pergunta se você quer ele quentinho, diga que não! Quer dizer, se você quiser soltar labaredas de fogo pela boca enquanto fala, diga que sim.
Pimenta - malagueta cozida no dendê e sal.

Na sequência disse sim ao
Vatapá - pão, coco, castanha, amendoim, cebola, alho, coentro, gengibre e dendê.

A parte leve e sem culpa, o
tomate.

Disse sim, muito sim ao
Caruru - quiabo, tomate verde, camarão seco, castanha, amendoim, cebola, alho, gengibre e azeite de dendê. Calma. Vem mais por aí...

E a surpresa foi para algo bem especial e diferente dos outros acarajés,
o camarão sem casca no molho de coco.

E para dar o brilho,
o camarão seco torrado no dendê. Pronto. Se faltou mais alguma coisa, me avisem nos comentário...

Obviamente vocês não esperam foto da mordida, né? Esta foi a parte profana e proibida de ser divulgada. Mas, o valor desse acarajé que é vendido no tabuleiro da Mara há 18 anos, custou
7 reais - sem incluir as 10 garrafinhas d'água e uma "cueca-cuela".