Esta semana, milhões de americanos não estão economizando esforços
para ver o Papa Francisco em sua primeira visita aos Estados Unidos. Se
você se lembra bem o que aconteceu aqui no Brasil da última vez que
tivemos a visita de um Papa, deve imaginar o caos que está por lá.
Para aqueles que são devotos, a viagem para ver o papa ao vivo
representa uma oportunidade única para obter bênçãos, de receber
misericórdia por seus pecados e se sentir mais perto de Deus.
Mas, mesmo os católicos que não estão na primeira fila para a visita do Papa Francisco, veem os benefícios para sua crença.
Acreditar em Deus traz algum tipo de benefício (cientificamente falando)?
Uma série de pesquisas tem amarrado a religião com maior bem-estar e
saúde mental em geral. Estes estudos descobriram que as pessoas devotas
têm menos sintomas de depressão e ansiedade, bem como uma melhor
capacidade de lidar com o estresse. Outros estudos sugerem que certas
práticas religiosas podem até mesmo mudar o cérebro de uma forma que
aumenta a saúde mental.
No entanto, a religião também poderia ser uma faca de dois gumes: as
crenças religiosas negativas – por exemplo, de que Deus está punindo ou
abandonando você – têm sido relacionadas com resultados prejudiciais,
incluindo taxas mais elevadas de depressão e menor qualidade de vida.
Se mantenha positivo
De acordo com Kenneth Pargament, professor de psicologia nos Estados
Unidos e especialista em religião e saúde, se as pessoas tiverem uma
percepção amorosa e gentil de Deus, como se ele fosse um suporte, elas
podem experimentar mais benefícios positivos por sua crença. Agora, se
você enxergar Deus como um grande juiz, que está aí para punir todo
mundo, isso pode fazer mal a sua saúde.
Benefícios da religião para a saúde mental
Um grande corpo de pesquisa – particularmente entre cientistas dos
Estados Unidos – tem relacionado crenças religiosas com resultados
positivos para a saúde mental. Por exemplo, um estudo de 2005 com
adultos mais velhos descobriu que a crença religiosa serve como um
amortecedor contra a depressão entre as pessoas em pior estado de saúde.
Além disso, um estudo de 2013 também descobriu que os pacientes que
estão sendo tratados para problemas de saúde mental, como depressão ou
ansiedade, respondem melhor ao tratamento se acreditam em Deus.
Em outra revisão de estudos sobre religião e saúde, o Dr. Harold G.
Koenig, diretor do Centro para Espiritualidade, Teologia e Saúde no
centro médico da Universidade Duke, nos Estados Unidos, descobriu que
pessoas religiosas têm menos sintomas depressivos e parecem lidar melhor
com o estresse. Segundo ele, uma das razões que explica isto é que a
religião, aparentemente, dá às pessoas um senso de propósito e
significado na vida, que os ajuda a dar sentido às coisas negativas que
acontecem com elas.
A comunidade religiosa de uma pessoa também pode fornecer apoio e
incentivo em tempos difíceis, o que soma esforços com tratamentos,
tornando-os mais eficientes.
Religião e cérebro
Estudos sobre o cérebro de pessoas religiosas também podem fornecer
uma explicação para a ligação entre religião e benefícios de saúde
mental. De acordo com o Dr. Andrew Newberg, neurocientista da
Universidade Thomas Jefferson, também dos Estados Unidos, pesquisas
sugerem que a meditação e a oração meditativa (tais como uma oração que
repete uma frase particular), ativam áreas do cérebro envolvidas na
regulação de respostas emocionais, incluindo os lobos frontais.
Um estudo de 2010 conduzido por Newberg e seus colegas, que incluiu
varreduras do cérebro desde budistas tibetanos a freiras franciscanas,
descobriu que estes meditadores de longo prazo tinham mais atividade em
áreas do lobo frontal, como o córtex pré-frontal, em comparação com
pessoas que não eram meditadoras de longo prazo.
O reforço destas áreas do cérebro podem ajudar as pessoas a serem
mais calmas, menos reacionárias, mais capazes de lidar com situações
difíceis.
É também possível que as crenças e ensinamentos defendidos por uma
religião – como o perdão, amor e compaixão – possam ser integradas na
forma como o cérebro funciona.
Afinal, quanto mais certas conexões neurais no cérebro são usadas,
mais fortes elas se tornam. Por isso, se uma religião defende a
compaixão, os circuitos neurais envolvidos no pensamento sobre compaixão
ficam mais fortes. Logo, manter sentimentos e emoções positivas pode
levar a redução nos hormônios do estresse.
Algumas religiões também defendem que os devotos fiquem longe de
comportamentos de saúde de alto risco, tais como fumar, beber álcool ou
exagerar no consumo de alimentos. Evitar estes comportamentos não
saudáveis também poderia ser benéfico para o funcionamento do cérebro,
segundo Newberg.
Desvantagens para os devotos
No entanto, a religião não tem sempre um efeito positivo sobre a
saúde mental. O seu impacto depende das crenças de uma pessoa, e se os
princípios da religião são aceitos pela comunidade, disseram os
especialistas.
Por exemplo, se em vez de defender o amor e a compaixão, uma religião
defender o ódio pelos não crentes, essas crenças negativas também se
tornam parte da forma como o cérebro funciona, disse Newberg.
Em teoria, isso poderia, por exemplo, aumentar o nervosismo e estimular a liberação de hormônios do estresse.
Além disso, se algumas pessoas acreditam que uma condição de saúde –
como a dependência química – é um castigo de Deus, elas podem ser menos
propensas a procurar tratamento. E isso não tem como ser bom.
Os cientistas também descobriram que quando as pessoas acreditam que
Deus as abandonou, ou quando elas questionam o amor de Deus por elas,
elas tendem a sentir um maior sofrimento emocional, e até mesmo
enfrentam um maior risco de morte. Se a religião abalada alguém a este
nível, a convivência com a crença vai ser muito angustiante. [livescience]
Moral da história
http://hypescience.com/deus-saude-mental/
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