GORDOFOBIA COMO QUESTÃO POLÍTICA E FEMINISTA




A discriminação a pessoas gordas ainda não é uma bandeira forte do feminismo, embora atinja diversas mulheres. O quadro só será transformado com engajamento político e mobilização coletiva, de quem sofre ou não esse tipo de preconceito
Por Jarid Arraes
A gordofobia é uma forma de discriminação estruturada e disseminada nos mais variados contextos socioculturais, consistindo na desvalorização, estigmatização e hostilização de pessoas gordas e seus corpos. As atitudes gordofóbicas geralmente reforçam estereótipos e impõem situações degradantes com fins segregacionistas; por isso, a gordofobia está presente não apenas nos tipos mais diretos de discriminação, mas também nos valores cotidianos das pessoas.
Uma das maiores dificuldades ao se enfrentar a gordofobia está na própria resistência social de reconhecer esse preconceito. Isso acontece porque é considerado aceitável intimidar e censurar quem é gordo, fazer observações constragedoras sobre o que a pessoa gorda está comendo e utilizar todos esses comportamentos intrusivos como justificativas para uma falsa preocupação com a saúde do indivíduo. Mas mesmo a própria preocupação com a saúde de quem é gordo já demonstra indícios de gordofobia, uma vez que se assume que aquele sujeito tem problemas de saúde só por ser gordo, enquanto pessoas magras não são abordadas e questionadas a respeito de seus níveis de colesterol, por exemplo. Acontece que, culturalmente, quem é magro é visto inicialmente como saudável, independente de outros fatores.
Uma das evidências de que a gordofobia não é encarada como um tipo de discriminação verdadeiramente nociva é o fato de que pouquíssimos movimentos sociais demonstram preocupação com ela. As mulheres gordas sofrem uma carga ainda mais intensa de gordofobia, por conta do padrão de beleza e da mentalidade objetificadora de nossa sociedade. Mesmo assim, vertentes políticas como o Feminismo ainda não conseguem lidar propriamente com esse problema – em muitos casos, a abordagem feminista a respeito da gordofobia é superficial e não desenvolve propostas concretas de enfrentamento ao preconceito. Essa realidade é encarada com criticismo por parte de muitas feministas gordas, que não se sentem inteiramente contempladas nas lutas femininas e precisam resistir tanto em sociedade quanto na própria militância.
Feminismo e gordofobia
As mulheres são ensinadas desde cedo a compertir umas com as outras. Naturalmente, em muitos casos elas passam a acreditar que criticar o corpo das outras é perfeitamente aceitável. Embora esses comportamentos sejam absorvidos culturalmente – ou seja, não há nada na constituição genética do sexo feminino que cause esse tipo de atitude -, desconstruir essa postura continua sendo uma tarefa difícil. O movimento feminista está consciente disso, mas é comum identificar atitudes similares entre ativistas, especialmente quando o assunto é gordofobia. Nesse aspecto, ser feminista não proporciona nenhum garantia de estar livre da gordofobia entre mulheres.
Para a arquiteta e urbanista Gizelli Sousa, um dos motivos porque ainda há gordofobia no meio feminista é a falta de aprofundamento no debate, o que impede alguma transformação efetiva na sociedade. “Normalmente o assunto é abordado evocando um discurso de aceitação. A discussão está focada na gordofobia internalizada, como se ao repetir ‘ame suas curvas’ como um mantra, eventualmente a mulher gorda acabará por amar seu corpo. É importante que a mulher ame o seu corpo, mas é ainda mais importante que sua dignidade seja resgatada, para isso é preciso combater a gordofobia que vem do lado de fora, de uma sociedade hostil. É neste ponto que o feminismo falha”.
Sousa ainda menciona que a discussão sobre gordofobia geralmente está restrita à temática do “padrão de beleza”, mas que tem desdobramentos amplos. “Há questionamentos possíveis a respeito do transporte público, mobilidade urbana, diferentes tipos de opressões gordofóbicas de acordo com a classe e raça da mulher, desemprego, vulnerabilidades sociais e econômicas diversas, bullying e, é claro, violência sexual e doméstica contra a mulher gorda”, explica.
Além disso, a arquiteta aponta um fenômeno que chama de “gordofobia cordial”, algo diferente do bullying e das agressões diretamente hostis, mas que também causa sofrimento em mulheres gordas. “Muitas vezes as mulheres magras não têm a sensibilidade de entender a diferença entre se achar gorda e ser gorda. Todas as mulheres sofrem cobranças para se encaixar em um padrão de beleza, mas ser gorda é sofrer essas cobranças em outro nível. Acho uma enorme falta de empatia quando uma mulher magra reclama que está acima do peso para uma pessoa gorda.”
A assistente de marketing Vanessa Profili tem perspectivas similares, mas faz críticas assertivas ao movimento feminista: “Há muitas feministas que ainda não descontruíram o discurso gordofóbico internalizado e não admitem revê-lo. Se você apontar de maneira educada, ela vai dizer ‘mas eu também sofro’. Sim, você sofre. Todas sofremos. Todas somos chamadas a aceitar e encaixar em um padrão. Mas opressão não é diretamente relacionada a sofrer ao padrão”, diz. “Uma mulher magra também tem seus problemas de aceitação e também pode ser julgada a vida toda pelo seu corpo, porém ela não tem problemas de acessibilidade, ela não é diretamente julgada incompetente no momento em que entra em um consultório médico e qualquer doença não vai ser relativa ao seu peso”. Como exemplo, Profili cita casos em que mulheres gordas procuram atendimento médico por problemas como enxaqueca, mas não são sequer examinadas e recebem folhas com dietas – algo que, em sua perspectiva, as mulheres magras não enfrentam.
Segundo Profili, há outras facetas pouco mencionadas no meio feminista que são essenciais porque se relacionam com o machismo de maneira direta. “Uma mulher gorda é automaticamente vista como repulsiva, é colocada como assexuada (ou o oposto, é fetichizada), vista como carente e infeliz”, afirma. “Com essa nova moda de Secret, a quantidade de Secrets que eram relacionados a ‘gordas que se acham’ ou ‘tenho um segredo, adoro comer uma gorda’ e até um Secret supostamente de uma garota feminista que dizia que achava um absurdo o ‘culto à obesidade’, mas que ela não comenta em meios feministas por medo de repressão. Culto? À obesidade? Onde exatamente?”, indaga.
Ela também compara a resistência que o movimento feminista tem em abordar a gordofobia com a dificuldade que muitos segmentos feministas possuem em assumir a intersecionalidade como práxis de militância. “Um exemplo disso é que assim como com o racismo e a transfobia são questões ‘polêmicas’ em meios feministas, onde sempre chega alguém e fala de ‘racismo reverso’ ou que ‘transfobia não existe’, qualquer tópico em que se discuta gordofobia sempre tem alguém que vai chegar e falar ‘mas e a opressão que as magras sofrem?’. Por isso às vezes eu acho que falar sobre é justamente o que falta”. Profili prossegue e argumenta que a opressão que todas as mulheres sofrem em relação ao corpo está dentro da gordofobia, que não engloba somente as pessoas gordas, mas também quem tem algum transtorno alimentar ou, por exemplo, a típica mulher magra que vive de dieta por medo de engordar. “Não são coisas inteiramente iguais, claro, mas acho que a questão racial, capacitismo, questões de sexualidade e gênero se assemelham em muito em como são tratadas dentro e fora do feminismo. Quando você fala de um, você pode relacionar a outro de diversas maneiras.”
Uma forma feminista de encarar a gordofobia
Jéssica Balbino é uma jornalista e feminista que dedica grande parte do seu ativismo para denunciar a discriminação contra pessoas gordas e promover possibilidades para que mulheres gordas se aceitem e vivam bem com seus corpos. Para ela, o sofrimento causado pela gordofobia é real, mas é possível de ser superado. “Durante muito tempo tentei me adequar aos padrões, até que percebi que eu fazia isso pela sociedade e não por mim. O feminismo me ajudou nisso. Eu vi que ser gorda não incomodava a mim, mas à sociedade, e que eu não queria mais uma vida de privações para agradar terceiros. Percebi que eu gostava de mim gorda e passei a me aceitar como sou”, narra.
Segundo Balbino, há inimigos muito piores para uma mulher gorda do que uma balança, pois quando se é uma gorda tentando emagrecer é só mais um alvo do senso comum, mas a gordofobia é ainda pior contra as mulheres gordas que gostam de ser gordas. “Mas sem dúvidas que esse processo todo foi relevante para minha formação como feminista. Foi um ponto de encontro ao que eu não queria ser, ou ao que gostaria de ser. Foi uma libertação. Um rompimento com um padrão de comportamento, de beleza, com o machismo, com um modelo de falas e padrões”, conta.
Já Gizelli Sousa acredita que a gordofobia trouxe mudanças para sua personalidade e forma de lidar com o mundo: “Eu comecei a engordar na adolescência e senti a gordofobia pela primeira vez na escola. Fui impedida de praticar o esporte de que gostava por estar acima do peso. Também sofri gordofobia em casa. Eu mal comecei a engordar e minha mãe já começou a me levar a diversos médicos, fiz várias dietas restritivas e sempre acabava recuperando o peso perdido em pouquíssimo tempo. Eu que fui uma criança extrovertida, me tornei uma adolescente tímida. É muito difícil sofrer preconceito nessa faixa etária, quando tudo o que você quer é pertencer a um grupo.”
No entanto, o feminismo hoje é fundamental não somente para sua própria consciência e bem estar, mas como forma de lutar por outras mulheres gordas. Sousa, que se tornou feminista há alguns anos, afirma que a gordofobia certamente foi relevante em seu aprendizado. “Eu estou sempre atenta às questões que envolvem as mulheres gordas e busco entender as nossas especificidades. Embora ainda seja difícil, pois o assunto é invisibilizado e não somos ainda um grupo integrado, não temos espaços que promovam o debate exclusivo e muitas gordas ainda tem vergonha de compartilhar suas experiências”, coloca.
Mesmo em contextos de sofrimento, ter uma ótica feminista a respeito do padrão de beleza e de como o gênero feminino é encarado na nossa sociedade pode ser o pontapé inicial para começar a compreender que algo está muito errado, e não é o próprio corpo. “Minha relação com a gordofobia foi dura e sórdida. Sofri discriminação de todos os lados. Ouvi merda dentro e fora de casa o tempo inteiro. Desisti de tudo e fiquei dois anos na cama, esperando morrer. Chegou a um estado em que eu não queria nada, parei de trabalhar, ia pra aula só quando necessário, só comia, dormia, desistia, lia pra esquecer. Para me manter minimamente magra durante uma época eu tinha que realmente passar fome e fazer três horas de exercícios diários. Ninguém em sã consciência deveria ter que fazer isso para entrar num molde ou para se sentir confortável”, compartilha Vanessa Profili. “Entrei em contato com o feminismo na mesma época, comecei a buscar essa aceitação que o body positive promove. Para alguém que sempre teve problemas de peso (não só gordas, estou falando de qualquer pessoa, aquelas que têm anorexia também), se aceitar não é do dia pra noite e nem sempre é realmente obtido. Quando você é bombardeada por todos os lados que dizem que você é errada, é praticamente impossível”.
“Borboleta é o caralho”
Apesar de tanta dor, Profili conseguiu transformar sua vivência em algo maior e levar benefícios reais para outras mulheres que vivenciaram situações parecidas. Hoje, ela é uma das facilitadoras de um projeto feminista voltado para mulheres gordas que decidiram fazer a cirurgia bariátrica ou estão pensando a respeito. Intitulado de “Borboleta é o caralho”, o coletivo tem cerca de 38 integrantes e já traz no próprio nome a problematização dos conceitos gordofóbicos: em muitos grupos de apoio a mulheres que fazem a cirurgia bariátrica, o discurso é repetitivo e sexista, afirmando que após emagrecerem, serão como borboletas que saíram do casulo, pois na verdade, “por dentro”, eram magras presas em corpos gordos. Cansada dessa abordagem machista e gordofóbica, Vanessa criou um grupo de discussão que virou blogue e contém textos e relatos de outras mulheres feministas que passaram ou desejam passar pelo procedimento cirurgico.

Após ter passado pela cirurgia bariátrica, Profili começou a vivenciar outra face da gordofobia e da discriminação; dentro e fora de ambientes feministas, em muitos casos o preconceito parte do julgamento de sua escolha. Quando questionada se a bariátrica poderia ser uma decisão de uma mulher gorda, feminista e plenamente consciente dos padrões excludentes, Vanessa explicou que a culpabilização da mulher e a deslegitimização de sua escolha também são formas de opressão.”Existe o pessoal e o político. Politicamente eu aceito, aplaudo, comemoro muito e quero demais que todas as minas do planeta se aceitem, como elas são, mudando, o que elas quiserem. E por eu apoiar que elas mudem se isso for fazê-las felizes, eu quis mudar.”
Profili diz ter refletido seriamente sobre como se sentia e se encaixava no mundo e só conseguiu se realizar pessoalmente depois de perder peso. “Eu tinha a chamada ‘Fantasia de Ser Magra’ e precisava disso. Pode ter sido ‘ceder a pressão’ pra algumas pessoas, pra mim eu considero como um ‘me fazer bem’. Eu ouvi desde muito pequena que estava errada, e olhando minha família, vejo que teria muitos problemas de saúde se continuasse como eu estava”. Não necessariamente toda pessoa gorda tem problemas de saúde, mas Profili coloca que ao avaliar o próprio caso e pesar os prós e os contras, suas motivações e sua própria aceitação, optou por fazer. “E não me arrependo”, conclui.
Gizelli Sousa também acredita que é possível ser feminista e optar pela cirurgia, sem abrir mão da problematização política necessária: “A mulher que resolve fazer a bariátrica pode fazê-lo por inúmeros motivos. O motivo estético é apenas um deles. E ainda que seja por uma questão estética, podemos entender que a mulher gorda é vítima de discriminação e muitas vezes, ainda que muito politicamente consciente, se cansa de viver sem vários privilégios que as pessoas magras possuem. Ela pode fazer escolhas individuais que não invalidarão sua luta pela coletividade.”
Vanessa ainda explica que, mesmo depois da cirurgia, as mulheres continuam sofrendo com a gordofobia, com o padrão de beleza e com as atitudes machistas naturalizadas. Ela menciona ainda uma série de frases escutadas pelas integrantes do coletivo: “Tá sobrando pele? “; “Mas você tá emagrecendo? Não tá dando pra notar”; “Mas você tá muito magra agora… não gosto”; “Conheço uma pessoa que fez e depois engordou tudo de novo, não adianta nada isso ai, viu?”; “Fazer cirurgia é fácil, né? Quero ver malhar, fechar a boca”.
Seja por invadir a privacidade da mulher que fez bariátrica, gerar constrangimento por meio de perguntas e comentários grosseiros, ou reforçar a ideia de que antes da cirurgia não havia beleza e saúde, a gordofobia da sociedade não deixa de bombardeá-la depois do procedimento. Para enfrentar essa realidade, é necessário um trabalho contínuo que quebre os hábitos machistas; é preciso conscientizar as pessoas de que o corpo feminino não é propriedade pública e que ser gorda não é uma licença para discriminação.
Engajamento contra a gordofobia?
Para quem participa de algum movimento social, após ler todos os depoimentos e observações a respeito do preconceito sofrido pelas mulheres gordas é fácil concluir que esse quadro só será transformado com engajamento político e mobilização coletiva. Afinal, esse é o método mais eficiente para conquistar direitos, denunciar abusos e protestar por dignidade. No entanto, o problema da gordofobia ainda precisa passar por uma série de questões no percuso rumo à mudança social – tais como a hierarquização dos tipos de corpos gordos e a ideia de que existem gordas mais aceitáveis do que outras.
Para Jéssica Balbino há um tipo de gorda que é menos discriminada: “A gorda que tem o corpo da magra. A que tem apenas quadris largos e não tem barriga. A que é loira, tem olhos claros e cabelos lisos e longos. A gorda negra, de cabelo armado, ombros largos, quadris estreitos e seios fartos não aparece na propaganda de roupas plus size. Aliás, ela nem cabe nas roupas plus size, que são feitas para um único tipo de padrão de mulher. Quer dizer…. existe uma padronização e novamente uma hierarquização”.
Embora reconheça os avanços trazidos pela moda plus size, Jéssica aponta que dentro desse ramo ainda existe a permissividade diante da discriminação. “A mulher que continua fora do padrão estabelecido pelas castas mais altas, segue sem conseguir comprar roupas, segue sem conseguir se encaixar. Mas está tudo maquiado pelo selo de plus size. Do 44 ao 54”. Isso também a fez lembrar uma propaganda da C&A em que a cantora Preta Gil aparece branca, com os cabelos lisos e mechas loiras, sem barriga e com roupas de uma nova coleção que vão até o número 54. “Isso é inclusão? Isso não é gordofobia? Pegam uma pessoa negra, gorda e a transformam em magra e branca para vender roupas para outro público? Oi? É claro que existe outro tipo de gorda que não é discriminada pela sociedade: a magra.”
Do ponto de vista de Gizelli Sousa, além de toda a hierarquização entre as próprias mulheres gordas, existe o problema da invisibilidade e falta de motivação para a união no sentido mais politizado. “Há várias feministas gordas, o que não há é coesão, união, espaços exclusivos para o empoderamento das mulheres gordas. Neste sentido, temos muito o que aprender com as blogueiras plus size de moda, que estão há anos desbravando a internet e tocando em assuntos que dizem respeito à mulher gorda”. Para Gizelli, o feminismo tem o poder de buscar mudanças estruturais e tornar o debate sobre gordofobia mais abrangente e inclusivo.
E como se não bastassem os pontos já citados, as mulheres gordas que se empoderam e unem forças para falar sobre gordofobia ainda encaram a violência de quem se incomoda com o levantar dessas vozes. Na internet, em especial, textos de ativistas gordas são frequentemente atacados; e essas mulheres, constantemente expostas e ameaçadas. “O assunto pesa”, diz Balbino. “Talvez porque sejam recentes os debates, talvez porque ainda seja pouco comum ver o ‘orgulho gordo’. Temos sempre o ‘orgulho negro’, e as pessoas que se assumem como tal em suas posições de minoria e isso choca. Acho que gordos se assumindo ainda chocam. Gordos se amando ainda é muito contrassenso para que a sociedade aceite. E como a internet ainda é uma ‘terra sem lei’ e pode-se atacar e dizer tudo que pensa, verbalizar e agredir fica mais fácil”. Balbino já foi alvo de muitas críticas gratuitas por ser gorda e por postar fotos suas na internet, ou seja, por defender o seu estilo de vida como gorda. “Mas, vamos mudando as táticas, saindo do digital e passando pro real, enfim, tentando fazer algo na prática”, acrescenta.
“As pessoas ainda não aprenderam a identificar a gordofobia”, explica Gizelli, que pensa que ser uma mulher que não se cala diante da opressão já é o suficiente para atrair a atenção negativa de comentaristas, mas se a mulher for gorda, o ódio certamente vem dobrado. “Aliás, já percebeu que para diminuir o feminismo, muitos machistas falam que o feminismo é um movimento de mulheres gordas? Primeiro que isso não é verdade, é um movimento de mulheres plurais, mas mesmo que fosse verdade, em que isso diminuiria a importância do feminismo? Em nada” – argumenta – “mas as pessoas tendem a desvalorizar a opinião da mulher se ela for gorda”.
Talvez o que falte nessa equação seja justamente mais consciência da parte de quem não é diretamente atingido pela gordofobia, mas poderia, e deveria, levantar a voz nos momentos necessários.
(Crédito da foto de capa: Cara Thayer and Louie Van Patten – “Confrontational Paintings of Intimacy”)

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