É possível ganhar dinheiro e ser um empreendedor social?

Muitas vezes quando se fala em empreendedorismo social pensamos logo em trabalho voluntário, ou em administração de organizações não lucrativas. Isso acaba afastando alguns empreendedores, pois é obvio que se alguém quer se dedicar integralmente a algo precisará de alguma fonte de renda para subsistir.
Sendo assim, é preciso quebrar alguns mitos e ideias já ultrapassadas sobre empreendedorismo social e o terceiro setor, vamos a algumas delas:
1) Toda entidade de assistencia social, ou qualquer outro tipo de associação não economica, não pode ou não deve ter lucro?
Errado. Toda associação pode ter lucro, e deve tê-lo se não quiser ficar dependende de outros órgãos, do governo, de partidos políticos ou etc. Não se pode confundir esse lucro, contudo, com o lucro de seus socios ou dirigentes.
Explicando melhor, a entidade em si pode obter receita, a qual deverá ser revertida para sua própria finalidade, a fim de possibilitar a perpetuação de suas atividades, a remuneração de seus funcionários, e sua própria independencia financeira frente a outras organizações e ao Estado.
O lucro nada mais é do que a saúde financeira de qualquer organização. Sem lucro não há atividade. O que define uma organização como não economica é que ela não distribua lucros entre seus dirigentes, não que ela não lucre. Em suma, a organização em si pode lucrar.
2) Os dirigentes e administradores da organização não poderão ganhar dinheiro?
Também é errado. É permitido a instituição de remuneração aos dirigentes e administradores de entidades não economicas. Desde que, essa remuneração não represente distribuição de lucros.
Aí o empreendedor social enfrentará seu primeiro desafio, desenvolver praticas de incentivo e estimulo aos funcionarios e dirigentes que não envolvam participação nos lucros ou no resultado.
Poderá ocorrer uma confusão, contudo, em relação a concessão de imunidade tributária a impostos. O que será abordado no próximo item.
3) A entidade que auferir lucro e remunerar seus dirigentes não poderá receber imunidade tributária a impostos.
Bem, não trataremos a fundo a problemática da imunidade tributária aqui, apenas nos restringiremos a abordar a questão da remuneração. Impostantissimo salientar que existem outros requisitos em lei para concessão da imunidade além deste que irei mencionar.
Antigamente, o ordenamento jurídico brasileiro, dominado pela noção arcaica de que organizações desse setor não podem de maneira nenhuma lucrar, retirava a imunidade das entidades que remunerassem seus dirigentes.
Hoje, graças a Lei nº 12.868 de 2013, a imunidade tributária a impostos é sim concedida as organizações que remunerarem seus dirigentes, estatutarios ou não, desde que não ultrapasse o limite de 70% da remuneração máxima permitida aos servidores públicos do poder executivo.
Além disso, as entidades qualificadas como OSCIP - Organização Social de Interesse Público, já gozavam desse mesmo direito.
Logo, é possível remunerar seus dirigentes e receber a imunidade tributária a impostos, desde que respeitado os limites dispostos em lei, além da atenção aos outros requisitos que não serão mencionados aqui para não fugir do tema.
4) Uma entidade de assistência social pode cobrar por seu serviço ou por alguns deles?
Sim, é possível que uma organização desse setor possa adquirir renda através da cobrança de algum serviço. Ou mesmo de um serviço principal. O Importante é que a cobrança não desvirtue ou descaracterize o carater assistencial da atividade.
Por exemplo, é possível cobrar uma taxa simbólica, a título de ajuda de custo, por alguns dos serviços prestados. Ou mesmo auferir renda através do oferecimento de serviçoes subsidiarios. (Uma entidade que da aulas de musica de graça pode conseguir renda para suas atividades organizando shows por exemplo).
Ai entra também a criatividade do empreendedor social, que tem a missão de criar modalidades de auferir renda para instituição sem desvirtuar o trabalho que está sendo feito.
Conclusão
Esses foram alguns dos mitos que usualmente rondam a atividade do empreendedorismo social. É importante acabar com o paradigma de que, por ser social, não pode existir lucro, cobrança ou remuneração.
A saúde financeira da entidade é de extrema importância para sua manuntenção, perpetuação, e para consecução de seus objetivos.
Além do mais, não podemos esperar, ou mesmo exigir, que o empreendedor social faça o sacrificio herculeo de trabalhar incansavelmente dia e noite por uma causa sem ter como angariar recursos para sua própría subsistencia.
Afinal, ampliar o roll de vantagens desse setor somente tornaria as atividades sociais mais atrativas, podendo criar uma verdadeira geração de empreendedores focados em melhorar o mundo.
http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/e-possivel-ganhar-dinheiro-e-ser-um-empreendedor-social/80369/

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