Empreendedorismo e inovação: um desafio contemporâneo no ensino

Empreender é antes de tudo gerar conhecimento. Estimular a busca do conhecimento empreendedor nas escolas, seja ela pública ou privada, se dá de forma diferente da convencional. A linguagem utilizada deve se adequar ao nível dos alunos, promovendo o desenvolvimento competitivo, agregador, intuitivo, e gerando entre eles a capacidade de planejamento, inovação, identificação de oportunidades e soluções, criando assim, um ambiente cultural transformador. O aprendizado dos alunos gerado pela busca do conhecimento irá permitir o domínio e o poder das decisões futuras em seus aspectos essências.

Um dos grandes desafios do ensino contemporâneo é promover uma educação que permita a seus jovens a transformação de alunos passivos para alunos pesquisadores, autônomos, pensadores e responsáveis.
Por mais que haja processos de avaliação, as provas e exercícios dados pelos professores com o aval da instituição e do sistema de ensino servem apenas para testar a memória do educando, e não desenvolver seus reais potenciais. Tais práticas pedagógicas reforçam que o método utilizado ainda nos dias de hoje, mesmo com toda gama de informação disponível, serve para manipular e controlar os alunos. O que por um lado pode facilitar a gestão e administração das escolas convencionais, por serem metodologias comuns e mais rápidas, atravanca o desenvolvimento individual dos jovens educandos e de uma sociedade que poderia se desenvolver de forma dinâmica, empreendedora e consciente do seu papel transformador. Para Mosé (2013, p.66)      
É preciso passar de uma educação centrada na administração de conteúdos – portanto, no ensino – para uma educação sustentada no desenvolvimento, pelo aluno, de competências e habilidades – portanto centrada na aprendizagem.
Estimular a busca do conhecimento empreendedor nas escolas, seja ela pública ou privada, se dá de forma diferente da convencional. O aluno precisa sair da forma passiva de aprendizado e se colocar de forma mais ativa e dinâmica no processo educacional. Cabe às instituições educacionais, professores e a sociedade abrirem mão desse modelo centralizador, fragmentado e descontextualizado que temos até os dias de hoje na grande maioria das escolas para promover o desenvolvimento humano e o acesso aos conteúdos, estimular a curiosidade, oferecer métodos que incentivem a pesquisa e filtragem do excesso de informações, desenvolver a autonomia e segurança de seus alunos e professores, criando assim, um ambiente cultural transformador e com valores empreendedores e inovadores. Segundo Dolabela (2008, p.20): “no Brasil, empreendedorismo deve significar, sobretudo, a capacidade de combater a miséria”.
Fomentar o empreendedorismo não como uma alternativa educacional, e sim como um propósito e perspectiva de fortalecimento e desenvolvimento dos princípios éticos, de responsabilidade individual, econômico e social, beneficia de forma ampla a sociedade como um todo. Criam-se mais riquezas, empregos, informações e jovens mais preparados para um mundo cada vez mais globalizado e exigente. Sendo assim, a educação empreendedora tem papel estratégico no campo econômico e no desenvolvimento de uma sociedade bem estruturada e responsável. Luiz Barreto (2013, p. 11), presidente do Sebrae, fala:
A construção de um Brasil mais produtivo e justo depende diretamente da educação de seu povo. Nenhum país do mundo se transforma em nação desenvolvida sem estabelecer e colocar em prática políticas para levar o conhecimento e a capacitação técnica à sua população, especialmente, à parcela mais jovem dela.
Por mais que se perceba uma mudança no perfil socioeconômico do Brasil, o atraso e a falta de priorização em programas educacionais, principalmente inovadores e que agreguem valor aos aprendizes (tanto professores quanto alunos), faz com que, hoje a implementação de programas empreendedores nas instituições de ensino seja um desafio para o corpo docente, onde muitos, encontram-se despreparados e desqualificados para atender essa geração de alunos, nativos digitais, cheios de informações, mas sem direcionamento.
É inevitável que as informações por meio das novas mídias sejam cada vez mais democratizadas e utilizadas, o que torna um exercício permanente de reflexão sobre a prática de ensino. A ideia de um bom ensino não pode mais se limitar a reprodução de um sistema cartesiano, ou seja, o modelo das escolas do século XIX, utilizado até os dias de hoje. Os conteúdos deverão ser reconsiderados e adequados às necessidades e desafios contemporâneos com mais análise crítica, inteligência e sensibilidade dos educandos e educadores; estimulando assim, uma educação cidadã, empreendedora e com um modelo de gestão sempre participativo e inovador, próprio do contemporâneo.
A alteração do sistema educacional, ou de um novo modelo de ensino, visando as necessidades do mundo globalizado irá exigir uma relação de competências muito maior do corpo docente. Segundo Celso Antunes em entrevista dada a Viviane Mosé (2013, p. 181), “é preciso acabar com a crença de que o domínio do conteúdo basta para a formação do professor. Ele precisa saber fazer com que o aluno aprenda.”
A velocidade que o conhecimento avança é muito grande, o que tem tornado fundamental nesse processo a perspectiva de cidadania e de polivalência do corpo docente e cidadãos envolvidos, e que estes, se adequem não só ao modo de produção, mas as necessidades do mundo globalizado.
A sala de aula não só pode come deve ser um local de debates onde fortalecerá a consciência social entre alunos e professores. Logo, a formação de empreendedores nas instituições educacionais, deve atribuir à responsabilidade social como conceito essencial. A falta de princípios e valores éticos na formação de futuros empreendedores, segundo DOLABELA, p. 34 “inibem o crescimento tecnológico, tornam inútil a inovação, despreparam o país para a competição internacional”.
A inovação é um reflexo da expansão e busca das realizações dos anseios pessoais. Mas, até os dias de hoje, por mais que o profissional domine determinadas tecnologias, muitas vezes ele não está apto para ser um empreendedor ou um inovador, já que o mesmo encontra-se despreparado para identificar, interpretar e aproveitar as oportunidades do mercado. Ou seja, é necessário que a sociedade, empresas, instituições educacionais, governos, percebam a necessidade de transformar as condições e o conhecimento em riqueza. Sair simplesmente do teórico para a implantação, criando soluções e transformando sonhos em realidade.
Referencial teórico:
ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. 10. Ed. Campinas, SP: Papirus, 2001.
CORTELLA, Mario Sergio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 10. Ed., São Paulo: Cortez: Instituto Pulo Freire, 2006.
SANTOS, Carlos Alberto.Pequenos Negócios : Desafios e Perspectivas: Educação Empreendedora / Carlos Alberto dos Santos, coordenação. --
Brasília: SEBRAE, 2013. P11 384 pgs.
MOSÉ, Viviane. A escola e os desafios contemporâneos. 1. Ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. 66, 336 p
DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor. Ed. São Paulo: Sextante, 2012
CONTATO:
Email: liziabarbosa@hotmail.com
* Aluna do 4º período de Gestão da Qualidade

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