“Esse é um momento de celebração para quem professa o respeito à diversidade religiosa. Temos uma caminhada longa pela frente, mas é simbólico que tenhamos chegado a esse seminário pensando que quatro décadas atrás o povo de santo precisava de autorização policial para professar a sua crença”, destacou Jaques Wagner, que também ressaltou a importância de lembrarmos o quanto milhares de pessoas foram (e ainda são) perseguidas por defender os próprios ideais.
A necessidade de a sociedade resgatar a herança africana no âmago da cultura nacional é o principal objetivo do Seminário, acredita a senadora Lídice da Mata. O projeto, que será executado entre os dias 28 e 31 de julho, contará com visitas da comitiva nigeriana a cinco terreiros de Salvador que deram origem ao candomblé nagô no estado. “Essas raízes são referências para nós e uma afirmação de uma nação que não pode viver com uma prática racista”.
Representando a presidente Dilma Rousseff, a ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Brasil, Luiza Bairros, acredita que o Seminário representa uma oportunidade de dar continuidade e profundidade ao intercâmbio cultural entre Brasil e África, promovendo o respeito às diferenças religiosas.
“Esses seminários, quando vamos explorar a noção de patrimônio compartilhado, dão ao estado brasileiro a ideia de que essa matriz não pode ser desprezada”. Para ela, o Brasil ainda carece de ações que apontam para a valorização das culturas de matriz africana. “É preciso construir uma ideia de desenvolvimento que não seja antagônica à preservação dessa cultura”, observou.
Dono de poucas palavras, o rei Olayiwola Adeyemi III discursou para o salão lotado sobre a satisfação de estar na Bahia, e falou que as tradições de origem africana são vítimas de constante ameaça.
Considerado o descendente direto de Odudua, fundador e primeiro ancestral do povo ioruba, Olayiwola também mencionou a importância de se preservar a cultura Oyo e mostrou-se grato ao povo baiano por “guardar a pureza da nossa religião (…) Isso demonstra o compromisso do Governo para promover a tradição africana”.
O evento teve apoio do Governo da Bahia, do Ministério da Cultura e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A organização ocorreu através da articulação dos cinco terreiros de tradição nagô, tombados como patrimônio nacional do Brasil, o IléÀseIyáNassóOkà (Casa Branca do Engenho Velho), IléÀseOpoÀfonjá (Ilê Axé Opô Afonjá), IléIyáOmiÀseIyamassé (Terreiro do Gantois), IléMaroialaji (Terreiro Alaketu) e IléOsùmàréArákàÀseOgodó (Casa de Oxumarê).
A cerimônia também contou com a presença das mães de santo Stella, Carmen Oliveira, Jocelina Barbosa, do secretário da Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Raimundo Nascimento, e de um representante do Secretário de Cultura do Estado (Secult), Albino Rubim, entre outras autoridades vinculadas ao candomblé.
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