Nas empresas de tecnologia, apoio à causa LGBT vem dos ‘chefes’

O próprio Mark Zuckerberg participou da parada do Orgulho LGBT em San Francisco no ano passado - Reprodução




RIO — A promoção do orgulho LGBT não é novidade entre as gigantes do Vale do Silício. Com sedes próximas à cidade de San Francisco, reconhecida como a capital gay dos EUA, empresas como Google e Facebook promovem ações públicas para celebrar o 28 de junho. Este ano, doodles com as cores do arco-íris e surpresas escondidas em serviços dão a tônica na gigante de buscas, enquanto a rede social lança pacote de stickers com o tema “o amor é universal”.
— É uma forma de transportar para dentro do produto a valorização da diversidade — diz Camila Fusco, diretora de Comunicação do Facebook no Brasil. — Mais do que falar de diversidade, no Facebook a gente vive a diversidade.

No Facebook, funcionários participam de grupos de discussão sobre os direitos LGBT - Reprodução
Nessas empresas, o respeito aos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros faz parte da cultura imposta pela própria direção. Ano passado, por exemplo, Mark Zuckerberg, cofundador e diretor executivo do Facebook, desfilou ao lado de funcionários na parada LGBT de San Francisco. Internamente, explica Camila, existe uma diretora global de Diversidade e grupos de discussão em cada um dos escritórios espalhados pelo mundo.
Direitos iguais
Os direitos trabalhistas também são estendidos aos homossexuais. Todos os funcionários do Facebook Brasil, independente da orientação sexual, possuem licença maternidade/paternidade de quatro meses e seguro de vida e plano de saúde em benefício do parceiro.
E para celebrar a data este ano, o Facebook vai participar das Paradas do Orgulho LGBT em San Francisco, Seattle, Chicago, Nova York, Londres e Dublin. No campus em Menlo Park, o tradicional sinal de “curtir” foi pintado com as cores do arco-íris e a “Hack Square”, praça que concentra refeitórios e outros espaços de convivência, ganhou decoração especial.





















— A diretoria de diversidade possui representantes regionais em todos os escritórios. E os grupos de discussão LGBT pensam em programas e apoiam os funcionários em caso de necessidade — explica Camila.

Os cofundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, também já se manifestaram publicamente em defesa dos direitos LGBT. Em 2008, eles doaram quantia combinada de US$ 140 mil para campanha contra projeto de lei que pretendia banir o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Califórnia.
“Nós não devemos eliminar o direito fundamental de ninguém, não importando a sexualidade, de casar com quem elas amam”, afirmou Brin, na ocasião.

A ação dos “Gayglers”
Dentro da empresa, o grupo de discussão LGBT é conhecido como “Gayglers”, em referência ao termo “Googlers” usado para designar os funcionários da companhia. Com representantes no campus de Mountain View e em escritórios regionais — inclusive no Brasil —, os “Gayglers” estão abertos à participação de qualquer pessoa, independente da orientação sexual. Neles, ativistas ou não, criam projetos e trocam experiências com outras filiais.






















Por aqui, Zen Junior, que trabalha com suporte de TI há dois anos no Google Brasil, participa do Fórum de Empresas e Direito LGBT, que está prestes a comemorar o primeiro aniversário. O encontro é organizado a cada dois meses e reúne representantes de grandes companhias com atuação no país para discutir políticas de direito e promoção dos funcionários homossexuais.
— O Google tem a cultura de se você quer resolver, vá e faça. Eles apoiam as nossas iniciativas — diz Junior. — Cada escritório pode ter seu grupo de “Gayglers” ou outras minorias, que conversa com representantes de diversidade da matriz.
Este ano, a ideia de uma das ações globais nasceu por aqui. A campanha “#proudtoplay” aproveitou o clima da Copa do Mundo para colher depoimento de diversos atletas em defesa dos direitos LGBT. Em vídeo publicado no YouTube, os astros brasileiros do futebol Marta e Neymar mandam mensagens com outras estrelas, como o jogador americano de basquete Kobe Bryant.


Funcionários do Google participaram da Parada Gay de São Paulo este ano - Google
Apesar dessas iniciativas, relatório divulgado recentemente pelas empresas de tecnologia não mostram um quadro funcional tão diversificado. Os dados não trazem informações sobre a presença de homossexuais, mas apontam que a mão de obra é dominada por homens brancos, com pouca participação de mulheres e minorias étnicas.

— Trazer esses depoimentos, montar essas ações, servem para reconhecer que a questão existe, acabar com a filosofia de esconder embaixo do tapete — diz Junior. — O Google tem essa postura de trazer o assunto à tona porque quer discutir. Os números do relatório não ajudam o Google, mas trazem à tona o problema que precisa ser atendido.

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