Médica boliviana forma líderes indígenas do Amazonas em saúde

A solidariedade não entende de fronteiras, e uma amostra disso é o trabalho que a médica boliviana Fátima López realiza no Amazonas, onde há anos forma em saúde voluntários e líderes de comunidades indígenas ribeirinhas.
Sua paixão por conhecer mundo, sua vocação solidária e seus conhecimentos médicos empurraram esta boliviana, nascida em Santa Cruz de la Sierra, a iniciar uma viagem sem volta ao Brasil para ajudar a melhorar a vida de algumas das comunidades mais carentes do país.
"Me considero uma cidadã de mundo. Minha família são os moradores das comunidades onde desenvolvo meu trabalho, onde cheguei só com uma mochila e um sorriso", explicou a Agência Efe a médica, especialista em doenças tropicais.
Há três anos, Fátima vive em comunidades ribeirinhas no interior do Amazonas, onde ensina líderes comunitários algumas práticas médicas fundamentais para o cuidado dos moradores de uma das regiões brasileiras, que como ela mesma contou, está mais afastadas dos serviços de saúde.
Até agora cerca de 80 pessoas foram formadas em mais de dez comunidades, distribuídas nos municípios de Carreiro Castanho e Presidente Figueiredo. A profissional, que visitou Manaus pela primeira vez em 2000 para desenvolver uma pesquisa sobre doenças tropicais, lembrou as dificuldades que os habitantes da região têm para acessar aos serviços básicos de saúde. "Têm que pegar uma balsa ou barco e caminhar durante muito tempo", explicou sobre o percurso até conseguir assistência médica.
Quando conheceu esta realidade a médica boliviana disse ter se sentido na "obrigação" de ajudar, e em 2010 decidiu se instalar no Amazonas para ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem em municípios carentes de assistência básica.
Em Carreiro Castanho e Presidente Figueiredo, os voluntários formados se organizam em grupos para atender a população que sofre de algum problema de saúde. Além de ajudar a sua preparação, Fátima também se encarrega de trazer profissionais brasileiros para conferências e conselhos de saúde. "Gosto de cooperar. Às vezes as comunidades se sentem esquecidas, mas elas também podem formar e ajudar os outros", afirmou.
Fátima vê com bons olhos o Programa Mais Médicos, uma iniciativa do governo federal anunciada em junho para suprir a falta de profissionais nas áreas mais remotas e pobres do país.
No entanto, considerou imprescindível que se continue trabalhando "a formação local", que assim contribuirá para o programa "Mais Médicos". "As pessoas têm sede de aprender, e quando compartilhamos, elas se sentem queridas. São protagonistas", destacou.
O trabalho de Fátima não seria possível sem a ONG "Semeando Saúde", uma associação formada por espanhóis que, sob o lema "ensinar, curar e prevenir para cultivar dignidade" arrecadam fundos para formar "agentes de saúde" e ajudar os ribeirinhos.
"Com eles, tenho uma família muito maior e juntos fazemos a diferença", disse visivelmente emocionada a médica, que tem esclerose múltiplo, uma dura doença, que, no entanto, não a impede de realizar esse bonito trabalho no Amazonas.
"Eu e a doença somos como o encontro entre Rio Negro e+Solimões, caminhamos juntos e eu sou o Solimões, que vai mais rápido, e a esclerose é o Rio Negro, mais lento, mas sempre juntos", explicou a boliviana, que conta que a doença a ensinou que é preciso "aprender a viver com alegria".

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