'Mamãe foi trabalhar e aconteceu esse desastre', lamenta filho de gari

Cleonice Vieira de Moraes, 51 anos, a gari que morreu nesta sexta-feira (21), vítima de vários ataques cardíacos após explosão de bomba durante protesto na quinta (20), em Belém, era mãe solteira de três filhos e trabalhava há um ano como servidora municipal. A família da vítima recebeu a notícia da morte nesta manhã. “Era uma pessoa muito calma. O marido deixou ela com três filhos e ela criou o filhos sozinha, lutando”, lamenta a irmã mais velha, Maria Célis.
Segundo a família, Cleonice teria passado mal durante o confronto entre a polícia e manifestantes, que ocorreu na quinta-feira (20). Uma bomba de efeito moral foi jogada dentro do prédio municipal próximo à prefeitura, onde Cleonice e outros 14 garis estariam se refugiado. Três pessoas ficaram feridas. “Eles foram se esconder dentro do bondinho. A polícia jogou a bomba e ela desmaiou”, diz Júlia Carvalho, sobrinha da vítima.
 
Cleonice Vieira de Moraes foi encaminhada para o Pronto Socorro do Guamá. No caminho, segundo os médicos, ela sofreu duas paradas cardíacas. Na manhã desta sexta-feira (21), ela teve outra parada cardíaca e não resistiu.
 O secretário de saneamento de Belém declarou que a morte foi uma fatalidade. “A rigor, foi uma fatalidade. Mas tem que apurar, se for o caso, estabelecer inquérito”, disse Luiz Pereira, da Sesan.
“Minha mãe saiu para trabalhar e acontece esse desastre com ela. Não era para terem liberado a minha mãe no meio daquele tumulto”, lamenta Adriano Moraes, filho da vítima.
De acordo com a Sesan, os garis que trabalham no centro comercial e na área do Ver-o-Peso forma liberados na quinta-feira (20), antes da manifestação. Mas os garis contestam a informação, e afirmam que foram orientados a permanecerem no local. Os colegas de trabalho da vítima estão indignados com a morte de Cleonice.
 
Entenda o caso
Cerca de 15 mil pessoas marcharam da Praça Santuário até a prefeitura de Belém nesta quinta-feira (20). Os manifestantes exigiam melhorias nos serviços públicos, na mobilidade urbana e gritavam palavras de ordem contra a corrupção, o mau uso do dinheiro público e a favor dos direitos das minorias.
A manifestação foi pacífica até chegar no prédio da administração municipal, quando o prefeito Zenaldo Coutinho afirmou que iria receber um grupo de manifestantes. Quando Zenaldo saiu do gabinete para encontrar com a multidão, foi abordado por diversos grupos com pautas de reivindicações distintas. Uma pequena parcela dos manifestantes hostilizou o prefeito e atirou pedras. Um guarda municipal ficou ferido, mas a guarnição foi orientada a entrar no prédio para evitar o confronto.
Grande parte da multidão se dispersou, mas um pequeno grupo continuou na frente do palácio, que foi atingido com chutes durante uma tentativa de invasão. O protesto foi contido com a chegada do batalhão de choque da PM. Mais de 30 pessoas foram detidas e posteriormente liberadas. A Prefeitura de Belém informou que reconhece a manifestação como ato democrático, mas repudia qualquer ato de violência. Este foi o segundo dia de manifestações em Belém. Na última segunda-feira (17) foi realizada uma marcha pela cidade, mas não houve registro de incidentes e depredações.
 

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