Líderes da África pedem mobilização 'imediata' da ONU no Mali

Os chefes de Estado e de Governo da África Ocidental, reunidos neste sábado (19) em Abidjan, na Costa do Marfim, pediu à Organização das Nações Unidas que forneça "imediatamente" seu "apoio logístico e financeiro" para o deslocamento no Mali da força militar regional destinada a combater os grupos islamitas do norte do país.
No final da reunião extraordinária, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) divulgou um comunicado no qual pede, além do apoio para a mobilização da Missão Internacional de Apoio ao Mali (Misma), que os estados da comunidade ofereçam "sem mais tarde" as tropas prometidas para esta força de intervenção.
Enquanto Paris já enviou 2 mil soldados franceses ao Mali, um número que deve ultrapassar 2.500 homens em breve, o presidente François Hollande explicou neste sábado que a França continuará no Mali "o tempo que for necessário até que o terrorismo seja vencido nesta parte da África". Espera-se que cerca de 2 mil soldados da Misma desembarquem no país até o dia 26 de janeiro. 
 
 
"É preciso superar nossos atuais efetivos", o que será possível com o apoio internacional, afirmou o chefe de Estado da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, que abriu a cúpula, na presença do presidente interino do Mali, Dioncounda Traoré.
Ele também insistiu na importância da reunião de doadores, prevista para 29 de janeiro em Addis Abeba, na Etiópia, enquanto a incerteza reina sobre a capacidade dos países africanos de financiar suas tropas militares. "É essencial que o máximo de países no mundo contribua" para financiar a Misma e o exército do Mali, afirmou.
 
Mandato da ONU
A Misma recebeu mandato da ONU para ajudar o Mali a reconquistar o norte do país, ocupado há mais de nove meses por grupos extremistas islâmicos, que multiplicaram seus abusos. Já a operação francesa teve início há dois dias, mas "não substituirá a ação da Misma", que deve ser implementada "o mais rápido possível, o que é o objetivo desta reunião", afirmou o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, na cúpula.
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Em Londres, o secretário americano da Defesa, Leon Panetta, prestou homenagem à ação da França, que tomou a iniciativa de tentar bloquear a AQMI. "Nós tentaremos ajudar neste esforço como fazem outros países", declarou.
Fabius e Ouattara insistiram na necessidade de uma dimensão política para resolver a crise no Mali, inciada em janeiro por uma ofensiva dos rebeldes touareg e, em seguida, aprofundada pelas disputas com os islamitas no norte do país.
 
Ataques contra civis
A Human Rights Watch afirmou neste sábado que recebeu informações críveis sobre graves abusos, incluindo assassinatos, cometidos pelas forças de segurança do Mali contra civis nos arredores da cidade central de Niono.

"Insistimos às autoridades do Mali, bem como aos franceses e soldados e autoridades (de países do oeste africano) que façam o seu melhor para garantir a proteção de todos os civis", disse o grupo sediado em Nova York, em um comunicado.

O Human Rights Watch assinalou que os tuaregues e árabes, grupos étnicos mais ligados aos rebeldes que tomaram o controle do norte do Mali, estão sendo especialmente visados.
Dirigentes do Exército do Mali não estavam disponíveis de imediato para comentar o assunto.
Tropas francesas se deslocam em estrada próximo a Bamako, capital do Mali, nesta quinta-feira (15) (Foto: AP)
 
Tropas francesas se deslocam em estrada próximo a Bamako, capital do Mali, nesta quinta-feira (15) (Foto: AP)
 
'Apoiar o Mali e a África'
Oito países da África Ocidental (Nigéria, Togo, Benin, Senegal, Níger, Guiné, Gana e Burkina Faso) mais o Chade anunciaram sua contribuição com a Misma. No total, serão 5.300 soldados do continente africano enviados ao Mali.
"A França está no Mali apenas para apoiar o país e a África", declarou ao jornal francês "Le Parisien" o presidente nigeriano, Mahamadou Issoufou.
A operação francesa teve início há dois dias. Bamako anunciou na quinta-feira (17) ter retomado o controle de Konna, cidade distante 700 km ao nordeste de Bamako, que caiu nas mãos dos extremistas em 10 de janeiro, o que provocou a intervenção francesa.
A queda de Konna durante uma ofensiva surpresa dos combatentes islamitas, após meses de paralisação dos combates entre o Exército malinense e os grupos jihadistas, provocou a intervenção da França, que temia um avanço dos extremistas para Bamako (sul), primeiramente com ataques aéreos e, em seguida, com uma intervenção terrestre.
Na região de Diabali (oeste), o coronel malinense comandante deste setor afirmou à AFP que os jihadistas "fugiram" da cidade, que havia sido tomada na segunda-feira (14), e que o exército estava pronto para entrar na localidade.
Essas declarações confirmam as de vários habitantes e de uma fonte da segurança regional, que afirmaram na sexta-feira que os extremistas abandonaram Diabali, 400 km ao nordeste de Bamako, após seguidos bombardeios da aviação francesa.

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