Tolerância e diversidade

ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO CORPORATIVA, É PROFESSORA DA FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE (FEA/USP), FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO (FIA) - O Estado de S.Paulo

Não entendo de futebol, e sempre tive dificuldade para compreender paixões descabidas e discussões acirradas entre torcedores de times. Uma vez feita a escolha, nenhuma chance de mudar ao longo da vida. Ou você conhece alguém que na infância tenha sido corinthiano e na adolescência são-paulino? No entanto, cada vez mais ouvem-se histórias de pessoas que mudaram de sexo, de religião, de parceiro no casamento, de partido político então, nem se fala...
A final do Mundial de Clubes, entre Santos e Barcelona, foi só mais uma mostra disso. Impossível ver um palmeirense ou são-paulino torcendo pelo Santos campeão, para triunfar o futebol brasileiro.
Com exceção feita ao futebol, onde não existe jamais a lógica da conciliação, da identidade latina, do patriotismo ou de qualquer outro sentimento que nutra a união entre seres humanos além da bandeira do próprio time, em todas as outras áreas da vida, temos cada vez mais que aprender a lidar com a diversidade, com a mudança e com a transculturalidade. E esses são fatores essenciais para uma carreira de sucesso.

Grupelhos. Félix Guattari (1930 a 1992) foi um filósofo e militante revolucionário francês. Criou uma obra na qual o problema do desejo singular é inseparável do político e das instituições. Abordou temas como subjetividade no centro das questões políticas e sociais contemporâneas.

Li poucos livros dele; lembro-me de "Revolução Molecular" (1987), onde o autor retoma a ideia de grupelho como afirmação de uma posição política. "Somos todos grupelhos": a subjetividade é sempre de grupo; é sempre uma multiplicidade singular que fala e age, mesmo que seja numa pessoa só.

O que define um grupelho não é ser pequeno ou uma parte, mas sim ser uma dimensão de toda experimentação social, sua singularidade. O termo grupelho traz em si um sentido pejorativo, a perspectiva de uns contra os outros. Um exemplo do autor ao referir-se à militância política: "Cada qual com seu congressinho anual, seu mini Comitê Central, seu secretariado..."

Sempre que me deparo com situações nas quais vejo pessoas buscarem sua identidade nos "grupelhos", colocando-se na posição de "ou isso ou aquilo", impossível não achar que "somos todos grupelhos".

Para alguém que nos tempos da faculdade aprendeu a programar em linguagem Cobol, o surgimento dos PCs e tudo que facilitou a vida do leigo no mundo da computação foi uma dádiva dos deuses. Assim, sempre endeusei Bill Gates. Anos passaram-se e meus filhos colocaram-me na era do i-pod; depois me interessei pelo i-pad; hoje não vivo sem meu i-phone4. Até que veio o comentário de um amigo: "Confesse, agora você é da turma do Steve Jobs, e não mais da do Bill Gates!" E começou a desfiar o rosário sobre a superioridade de Jobs.

Considero os dois geniais, e gostar de um não implica descartar o outro... Relembrando Guattari, grupelho traz em si a perspectiva de uns contra os outros.

Participei recentemente de alguns Encontros de Twitteiros Culturais (ETC) promovidos pelo Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. Por sinal, ótimos! Discussões inéditas e comparações inevitáveis entre Twitter e Facebook; "twittar" é se expor na rua, no meio da multidão; enquanto "facebookear" é se expor no clube social, entre amigos, segundo uma jornalista twitteira, especialista no assunto.

Achei interessante e realista a colocação. Mas como o que define um grupelho é ser dimensão de uma experimentação social, a consequência natural: ou você é adepto do Twitter ou do Facebook. E eu que estava lá, justamente para aprender mais sobre como utilizar o Twitter. Senti-me encurralada, pois já sou fã ardorosa do FB. E pensei: não posso recorrer aos dois, só que em situações diferentes? Será que são necessariamente excludentes?

Que todos tenham suas preferências e posições firmes e claras em qualquer área da vida é louvável, mas isso não significa que deva prevalecer a perspectiva de uns contra os outros. Com tolerância, contemplando a diversidade e respeitando diferenças, é possível dar menos ênfase aos conflitos e mais foco na convivência harmônica e união entre pessoas. Que tal colocar essas preocupações na sua lista de objetivos para 2012?
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,tolerancia-e-diversidade,o,tolerancia-e-diversidade-,820004,0.htm


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